Casa dos Centenários, um lugar que abraça

12 novembro 2017


Agora que o Verão finalmente resolveu dar espaço ao meu querido Outono, é com saudade e uma certa nostalgia que recordo parte das minhas férias deste ano. A Casa dos Centenários foi o lugar de eleição para desligar do ritmo louco do dia-a-dia, e não poderia ter encontrado lugar mais genuíno, mais especial e mais próximo daquilo que é para mim o ideal de refúgio da rotina!


Eu e a minha família temos por hábito passar 2 semanas fora do Porto, a primeira numa zona à escolha que vai variando todos os anos, e a segunda em Vilamoura, no Algarve. De há uns anos para cá, temos procurado contrabalançar a semana intensa do Algarve com a acalmia do Alentejo, e este ano não foi excepção. A aldeia de São Cristóvão, em Montemor-o-Novo, foi a nossa escolha para este Verão, que veio a revelar-se uma descoberta daquelas que guardamos com carinho no coração.

Ao contrário de muitas aldeias do país, que parecem estagnadas num tempo passado e envoltas numa aura de abandono conformado, a aldeia de São Cristóvão irradia uma vivacidade contagiante, moldada pelos seus habitantes genuínos e dedicados. É uma aldeia bonita, com as suas casinhas brancas recortadas numa paisagem tipicamente alentejana, e com pequenos detalhes que a diferenciam e enriquecem aos olhos de quem ter o privilégio por lá passar: exemplo disso, são as várias frases pintadas no exterior das casas, que nos embalam num passeio de palavras convidativas à reflexão.

Desde a praça principal, com as suas árvores robustas a servir de albergue a centenas de pássaros; ao átrio dos correios onde se conversa como no café; passando pelas ruas adjacentes, onde ao fim da tarde se juntam os mais conversadores de porta aberta, para entrar o fresquinho; e ainda o "Chouriço", palco privilegiado de um espetáculo gastronómico de se lhe tirar o chapéu (podendo, é dar lá um salto e pedir uma sopa, arroz de pato, e um "pijaminha" para sobremesa), a aldeia de São Cristóvão é um refúgio catito à rotina desgastante das grandes cidades. O difícil mesmo, é vir embora sem lá deixar lá um bocadinho de nós. 






E por falar em deixar bocadinhos por aí, é certo e sabido que quem lá vive, veste a camisola pela terra, e é já parte do tecido bem emaranhado que é a identidade daquele espaço. É o caso do Sr. Custódio e do Tito, os amáveis proprietários da Casa dos Centenários, onde ficamos alojados durante a nossa estadia na Aldeia de São Cristóvão. 
Tenho uma política muito rígida em período pré-férias com a família: não quero ver nada relacionado com o sítio para onde vamos, pois assim serei surpreendida no momento. Pois bem, ainda que tivesse visto, nada me iria preparar para aquela que é a experiência de passar uns dias na Casa dos Centenários, e a capacidade que aquele espaço tem de nos envolver. O facto dos anfitriões viverem lá, e serem eles próprios a decorar e a rechear a(s) casa(s), dá um cunho familiar e aconchegante que nenhum outro espaço onde estive antes havia conseguido. No interior, os quadros pintados pelo Sr. Custódio, as peças castiças e rústicas que decoram o mobiliário de época e as prateleiras recheadas ao dispor dos leitores mais ávidos, convidam a relaxar num ambiente de outros tempos, rico em detalhes para quem, como eu, tem uma queda por estas coisas. 










Mas é lá fora que a magia acontece no Verão: numa verdadeira ode à natureza, ao equilíbrio e ao mindfulness, o pátio da Casa dos Centenários é um oasis de plantas, projetos sustentáveis e de reutilização de materiais, e sobretudo, um reino onde quem manda...são os gatos! 
9 ao todo, são uns anfitriões de categoria que, longe de incomodar, divertem e tornam o nosso retiro ainda mais inesquecível!



















E porque não estou aqui para escrever um livro sobre a experiência, deixo que as imagens falem por mim: podem ver mais aqui. 

Agora e para terminar ao nosso jeito, se a Casa dos Centenários fosse um padrão, seria o do trigo a dançar nos campos, e fosse uma palavra, seria abraço, um lugar que abraça mesmo ali no coração do Alentejo.


Daniela

2 comentários:

  1. Realmente é muito lindo!!!
    Um paraíso, ótimo para passa as férias em todas as estações!! Mano Tito e Custódio estão de parabéns!!

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